Bastariam dois sentidos: a sua fala, a minha audição. Bastaria uma voz que entraria pelos meus ouvidos e me faria contrair todos os músculos numa vontade irrefreável de querer ser invadida. Em todas as posições, com todos os fetiches. E com áudio.
De olhos e boca fechados, enxergando o que um timbre desenha, sentindo o sabor que cada entonação propõe. Meu tato se perde corpo afora, e me banho com toque de cada palavra, com o tom firme de como as frases soam dentro de mim.
Uma risada que me provoca, me encharca e me deixa sem ar. E então minhas pernas se entrelaçam querendo segurar o imaginário sexual que corre pelos segundos de cada conversa.
Gravaria sua voz numa faixa para me ligar.
Usaria suas pausas para respirar.
Daria o play para me fazer tocar.
E mesmo que acabasse o disco, seu silêncio deixaria sempre uma vontade de repetir seus sons. Bastaria uma voz pra criar a trilha sonora que embalaria meus orgasmos até minha energia se esgotar.