Sua boca agora cumpre uma função mais prazerosa do que a do paladar. O sentido é tatear, com lábios e língua, percorrer um caminho que começa naquela volta abaixo do maxilar, e desalinha as vértebras tensas da minha coluna.
Uma exploração lenta e embalada pelo som da minha respiração pesada. Você pode divagar sobre marcas e sinais pele afora, faltas e excessos em cintura e quadris, mas precisa estar ali. Onde os músculos fazem o que querem quando são alcançados por beijos e provocações.
A ordem é demorar, e me revirar, e me decodificar em milímetros de milhares de nervos, até que não haja força maior do que a das juntas dos meus dedos presas em lençóis e na base da sua nuca.
Só termine quando meu corpo for palco de uma energia contorcionista. Ali, não existe encenação, só entrega e êxtase. E talvez palavras, que são cortadas entre gemidos e soam como aplausos para o seu ego. Nesse ato final está o camarote onde você assiste à melhor obra que sua língua pode recitar.